Está lua cheia, já viste? E esta lua que se ergue por detrás das montanhas, é sempre igual e ao mesmo tempo tão diferente de qualquer outra lua cheia que me tenha acompanhado ao longo dos anos. Desde criança nunca fui maluca ao ponto de sonhar um dia ir à Lua. Não! Sempre preferi ficar aqui, na minha zona de conforto, e deixei que a Lua viesse até mim. Então, uma vez por mês ela erguia-se em toda a sua forma, brilho e esplendor e ficava a noite toda a brilhar para mim. Que egoísmo pensar que ela se erguia só para mim! A verdade é que ela se erguia para o mundo, mas neste mundo, parece que só eu lhe prestava atenção. Por isso, e só por isso mesmo, passei a tê-la como minha. Porque tudo o que cativa a minha atenção, passa a ser um bocadinho meu. Tenho pena de nunca ter tido esse desejo incontornável de ir à Lua. Quem sabe, talvez me tivesse ajudado a alimentar o meu lado sonhador? Esse lado que já quase não existe, enterrado na conformidade dos meus dias, um a seguir ao outro, difere